Dos dois terços de terreno, que do Rossio ficavam livres do dormitório dos Religiosos de São Domingos, era ocupado pelo Hospital de todos os Santos, a que vulgarmente se chamava de Hospital del Rey, por ter sido mandado edificar por D. João II e finalizado por Dom Manuel.
Este Hospital era considerado na época um dos melhores do mundo, sendo um edifício muito amplo com várias alas, refeitório, enfermaria de homens e mulheres, dependência para loucos e secção de enjeitados.
Pegado ao corpo do hospital estendiam-se dependências para médicos, farmacêuticos e outros funcionários.
Na obra " O Livro das Grandezas de Lisboa", de Frei Nicolau de Oliveira, ficamos a saber que o Hospital foi construído em forma de cruz de quatro braços iguais, sendo que no braço cimeiro se encontrava uma grande igreja, cuja porta principal dava para o Rossio, e para a qual se assedia através de uma enorme escadaria de vinte e um degraus, que em dias de feira se enchiam de vendedores e mendigos.
O Portal da Igreja era magnifico, nos dias de hoje apenas comparável ao portal da entrada do Mosteiro dos Jerónimos.
No braço da cruz que atravessava para o lado direito localizava-se a enfermaria de São Cosme, no braço oposto a enfermaria das mulheres com o nome de Santa Clara, na outra parte a enfermaria de febres designada como a de São Vicente.
Nestas três enfermarias estavam as camas postas em repartimentos dentro de um arco, de modo que fiquem livres os corredores para facilitar a limpeza ( tal como nos nossos dias....).
Para além destas enfermarias principais existiam outras segundarias e também elas todas designadas com nomes de santos.
Nas traseiras o hospital possuía uma grande horta com muita água, na qual se retirava grande parte dos alimentos a serem consumidos na instituição hospitalar.
Sendo a Mesericordia a administradora deste Hospital, ficava portanto à sua responsabilidade, fornecer os oficiais que nele aviam de servir e para que nada falte para a cura e limpeza dos enfermos.
Infelizmente com o terremoto de 1755 o maremoto que se lhe segue e o incêndio que fustigou Lisboa durante seis dias, o Hospital assim como todo o Rossio antigo desapareceu...
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