domingo, 2 de novembro de 2008
1 de Novembro de 1755
sábado, 26 de julho de 2008
Regina Quintanilha
Regina da Glória Pinto de Magalhães Quintanilha, nasceu a 9 de Maio de 1893, e foi a primeira Advogada Portuguesa e Ibérica dos tempos modernos.
Sendo filha de Francisco António Fernandes Quintanilha, descendente de uma antiga e abastada família, transmontana de Miranda do Douro, e de Joséfa Ernestina Pinto de Magalhães, descendente da casa de Sabrosa, de onde segundo a tradição descenderia o grande navegador Fernão de Magalhães.
A 6 de Setembro de 1910, apenas com 17, anos Regina Quintanilha, requer, a sua matrícula na Faculdade de Direito de Coimbra.
A 5 de Outubro de 1910, dá-se a Revolução Republicana, e o início das aulas que seria normalmente a 17 de Outubro é adiado já que os ânimos no país, encontravam-se exaltados, e na Universidade de Coimbra, a sala dos Capelos é destruída os retratos dos Reis D. Carlos e D. Manuel, são baleados.
Finalmente Regina Quintanilha atravessou, entre duas filas de palmas a porta férrea da faculdade no dia 24 de Outubro de 1910.
De referir que em termos de educação a escolaridade obrigatória em 1910 era dos 7 aos 11 anos, mas na generalidade apenas se defendia que às mulheres fosse administrado uma instrução elementar, pois delas apenas se desejava que fossem boas esposas e mães.
Em quase todos os labores Regina Quintanilha , foi uma excepção pois recebeu autorização para advogar, quando ainda era vedado o exercício da advocacia às mulheres, de acordo com o Código Civil Português em vigor que era de 1867.
Com efeito e com licença certificada pelo presidente do supremo tribunal de justiça no dia 14 de Novembro de 1913, Regina, vestiu a toga dos advogados no tribunal da Boa-hora em Lisboa.
Regina Quintanilha também vai exercer funções de Conservadora do Registo Predial e Notaria, sendo nestes cargos mais uma vez uma pioneira.
No entanto as mentalidades ainda não se encontravam preparadas para aceitar esta progressiva afirmação da condição feminina e várias foram as personalidades influentes da sociedade portuguesa que não hesitaram em denegrir, todas as mulheres que exerciam profissões liberais.
Regina Quintanilha parte, então para o Brasil, onde vai colaborar na reforma de lei brasileira, para além de estabelecer escritórios tanto no Rio de Janeiro como em Nova Iorque,anos mais tarde de volta a Portugal, é Advogada de várias empresas francesas.
A 19 de Março de 1967, Regina Quintanilha morre, na sua residência da Rua Castilho nº35, em Lisboa.
Esta mulher que se tornou a primeira Advogada Portuguesa e Ibérica, abriu o caminho, deu a lição, concorreu com os homens na luta social, autonomizou-se e mostrou que era possível.
A seguir a ela, outras vieram para continuar a desbravar caminho, e estas lutas deram os seus frutos.
Actualmente as mulheres encontram-se em maioria em quase todas as áreas de formação, no entanto ainda continuam em minoria na carreira docente e são excepção no topo da carreira académica, tendo menores salários para o mesmo tipo de função.
De facto a condição feminina vai sofrendo, avanços e retrocessos ao longo da História, nunca sendo supérfluo sublinhar que tal ainda sucede, e não apenas em sociedades díspares da europeia.
Mas apesar destes indicadores revelarem que o caminho não se encontra todo percorrido, a direcção parece a certa, sendo que a " Mulher Culta", deixou de ser considerada uma excepção à regra.
domingo, 25 de maio de 2008
Casa dos Bicos
A Casa dos Bicos, situada no Campo das Cebolas, em Lisboa, foi mandada construir, em 1523, por Brás de Albuquerque, filho do conquistador de Ormuz, Afonso de Albuquerque.
A sua traça original, tem como influencia o palácio dos Diamantes de Ferrara, em Itália, monumento pelo qual, Brás de Albuquerque demonstrou grande admiração, e pretendeu recrear, na sua própria habitação.
A casa para além de habitação particular, ao longo dos tempos foi tendo várias funções, sendo talvez a de destacar pela sua inegável importância, a de sede da associação do Comércio Marítimo da Índia.
Na década de 60 do Século XX, a casa dos bicos é adquirida pela câmara Municipal de Lisboa, que procedeu a trabalhos de reconstrução e reergue os dois andares que tinham sido destruídos pelo terremoto de 1755, recorrendo para tal a um painel de Azulejos da Ribeira Velha, patente no Museu da Cidade, que retrata a casa no seu projecto inicial.
segunda-feira, 12 de maio de 2008
Aqueduto das Águas Livres
O Aqueduto das Águas Livres, é um complexo sistema de captação e distribuição de água á cidade de Lisboa.
O Aqueduto, foi construído durante o reinado de D. João V, e foi sendo progressivamente reforçado e ampliado ao longo do Século XIX, de salientar que prodigiosa obra resistiu incólume ao terremoto de 1755.
Antes da construção do Aqueduto, a única área de Lisboa com nascentes de água era o Bairro de Alfama, e com o crescimento da cidade para fora das cercas medievais foi surgindo um défice no abastecimento de água á cidade.
Tal situação levou á necessidade de se aproveitar as águas do vale da Ribeira de Carenque, já que estas águas até tinham sido, em tempos aproveitadas pelos Romanos, que aí construíram uma barragem e um aqueduto.
Apesar do Reinado de D. João V ter sido prospero, o projecto do Aqueduto, foi custeado pelo povo, através de uma taxa sobre a carne, o vinho, o azeite e outros produtos alimentares.
A parte do Aqueduto mais conhecida são os seus 35 arcos sobre o vale de Alcântara, o mais alto dos quais o " arco grande", mede 65 metros de altura e dista 29 metros entre pegões, sendo o maior arco ogival do mundo.
O Aqueduto têm o seu inicio na Mãe de Água Velha, recolhendo a água da nascente da Água Livre, em Belas e termina na Mãe de Água das Amoreiras, após um percurso de 14.174 metros.
Antes de chegar ao centro de Lisboa, o aqueduto alimentava vários chafarizes na Amadora, Benfica e São Domingos de Benfica.
Na extremidade do aqueduto, a Mãe de Água das Amoreiras recebia e distribuía a água por galerias e encanamentos que encaminhavam a água para uma rede de chafarizes públicos.
O caminho público por cima do aqueduto, esteve fechado desde 1853, altura pela qual se registaram no local alguns crimes, levados acabo ao que tudo indica por Diogo Alves, que assaltava as pessoas que por ali passavam e as atirava do aqueduto abaixo.
Diogo Alves foi apanhado, tendo ficado para a história como o ultimo decapitado em Portugal, a sua cabeça decepada foi estudada, prevalecendo ainda hoje dentro de um recipiente de vidro numa solução aquosa, no museu de medicina.
O aqueduto manteve-se em funcionamento até 1968, acabando por ser desactivado definitivamente pela EPAL , em 1974.
Nota: Depois de várias reparações e intervenções, o Aqueduto das Águas Livres, reabre aos visitantes amanhã dia 13 de Maio, encontrando-se marcado um passeio num percurso que começa na Rua das Amoreiras, às 10 horas e termina no reservatório da Mãe de Água.
segunda-feira, 5 de maio de 2008
Torre de Belém
A Torre foi projectada, como símbolo de prestígio real, a decoração exibe a iconologia própria do Manuelino, conjugado com elementos naturalistas, como também é visivel no mosteiro dos Jerónimos.
O Manuelino reflecte, influências islâmicas e Orientais, que marcam definitivamente o fim da tradição Medieval das Torres de Menagem.
A Torre de Belém é adornada, com cordas e nós esculpidos em pedra, galerias abertas, torre de vigia, ameias em forma de escudo, decoradas com esferas armilares e a cruz da ordem de Cristo, e elementos naturalistas, como um rinoceronte ( o tal já referido em texto anterior), que vão aludir aos descobrimentos portugueses.
A Torre localizada na margem direita do Rio Tejo, era inicialmente cercada pelas águas em todo o seu perímetro, no entanto foi progressivamente envolvida pela praia, até se incorporar hoje à terra.
Com o passar dos tempos, a estrutura foi perdendo a sua original função defensiva, passando a exercer outras funções, como tal foi, registro aduaneiro, posto de sinalização, telégrafo, farol e até prisão, já que os seus paióis, foram utilizados como masmorras, para presos políticos durante o reinado de D. Filipe I (1580-1598), e mais tarde por D. João IV ( 1640-1656).
O Arcebispo de Braga e primaz das Espanhas, D. Sebastião de Matos de Noronha ( 1636-1641), por coligação à Espanha e fazendo frente a D. João IV, foi preso e mantido recluso na Torre de Belém, entre outras personalidades.
Nos nossos dias é possível fazer visitas a este este monumento e no seu terraço desfrutar de uma maravilhosa vista, sobre o Tejo e dele imaginar a partida das naus e caravelas para os novos mundos.
A Torre de Belém é classificada como Monumento Nacional por decreto de 10 de Janeiro de 1907, e considerada pela UNESCO, como Património Cultural de toda a Humanidade.
sexta-feira, 11 de abril de 2008
O Processo dos Távora
D. José, Rei de Portugal, apesar de casado com Dona Mariana Vitória de Borbón, princesa espanhola, tinha uma amante, Teresa Leonor, mulher de Luís Bernardo, herdeiro da família de Távora.
Na noite de 3 de Setembro de 1758, D. José I, seguia numa carruagem, para a Ajuda depois de uma noite com a amante, quando sofre uma tentativa de assassinato.
O primeiro-ministro de então, Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro Marquês de Pombal, toma de imediato o controlo da situação, em pouco tempo dois homens são presos e torturados, confessando suas culpas no atentado, sendo que tais ordens, provinham da família dos Távora, que pretendiam pôr o Duque de Aveiro, José Mascarenhas no trono.
Nas semanas que se seguem todos os Távora e respectivos descendentes são encarcerados e acusados de alta traição e de tentativa de regicídio, sendo a sentença a execução de todos incluindo mulheres e crianças.
A execução é levada acabo a 13 de Janeiro de 1759, e mesmo para a época revestiu-se de um cariz extremamente violento e macabro, as canas das mãos e dos pés dos condenados foram partidas e as cabeças decapitadas, os corpos queimados e deitados ao Rio Tejo.
Todos os bens dos Távora foram confiscados pela coroa e o seu nome apagado.
O Palácio do Duque de Aveiro em Belém foi demolido e o terreno salgado para que mais nada ali crescesse.
No local, hoje designado como Beco do Chão Salgado, existe um marco alusivo ao acontecimento.
Na sua base pode-se lêr a seguinte epígrafe:
" Aqui forão as casas arazadas e salgadas de José Mascarenhas Ex Authorado das honras de Duque de Aveiro e condenado por sentença proferida na suprema junta da inconfidencia em 12 de Janeiro de 1758, justiçado como um dos chefes do bárbaro desacato que na noite de 3 de Setembro de 1758 se havia commulado contra a real e sagrada pessoa de El Rey nosso senhor D. José, neste terreno infame se não poderá edificar em tempo algum"
Hoje tal marco encontra-se num beco, precisamente rodeado por inúmeras construções que se foram edificando á sua volta, em terreno outrora maldito, o que prova que a vontade de um homem, dificilmente se pode sobre pôr aos dinâmicos ritmos da História.
domingo, 30 de março de 2008
Mosteiro de Santa Maria de Belém
Para ocuparem este mosteiro o Rei D. Manuel, escolheu os Monges da Ordem de S. Jerónimo, tendo estes como principais funções, rezar pela alma do Rei e dar apoio espiritual aos que partiam da Praia do Restelo, à descoberta de novos mundos, sendo aliás a construção deste mosteiro financiada em grande parte pelos lucros do comércio das especiarias.
Por ter sido construído nos bancos de areia do Rio Tejo, a estrutura do mosteiro, não sofreu muitos danos com o terremoto de 1755, mas foi danificada pelas tropas invasoras francesas enviadas por Napoleão Bonaparte no inicio do Século XIX.
Claustro Mosteiro dos Jerónimos Séc. XIX
O que obrigou posteriormente a algumas intervenções arquitectónicas, que embora não tenham alterado a estrutura primitiva, vieram dar-lhe a forma que lhe conhecemos hoje.
Mosteiro dos Jerónimos Actualmente
O Mosteiro dos Jerónimos é hoje apontado como a "jóia" da Arquitectura Manuelina, integrando elementos arquitectónicos do gótico final e do renascimento, associando-lhe uma simbologia régia e naturalista.
No seu interior para além dos túmulos de El Rey D. Manuel, e seus descendentes, pode-se hoje encontrar no mosteiro os túmulos, do Rei D. João e sua esposa D. Catarina, o de D. Henrique e ainda as caixas tumulares de D. Sebastião, Vasco da Gama e Luiz Vaz de Camões, mais contemporâniamente também no local foram sepultados, Alexandre Herculano e Fernando Pessoa.
O Mosteiro Dos Jerónimos, foi declarado em 1907, como Monumento Nacional e em 1984, classificado " Património Cultural de toda a Humanidade", pela UNESCO.