domingo, 2 de novembro de 2008

1 de Novembro de 1755

A 1 de Novembro de 1755, o dia de todos os Santos, amanheceu soalheiro com temperaturas amenas.
Pouco ou nada faria prever o Apocalipse que não tardaria a chegar ( nada a não ser, o aparecimento , alguns dias antes de novas nascentes e ,noutras o aumento considerável do caudal de água).
Pelas 9h e 40m, regista-se o primeiro abalo, à primeira sacudidela seguiram-se outras, acompanhadas de fortes ruídos subterrâneos, regista-se a abertura de fendas no solo e a saída de gases do interior da terra, as réplicas não param e a derrocada dos edifícios levantou tanta poeira que obscurece o Sol de um dia que amanhecera límpido.
Mas os acontecimentos dramáticos estavam longe de cessar, as velas das casas e igrejas, propagaram o fogo às madeiras, aos moveis aos tecidos e o que não tinha sucumbido aos abalos sísmicos iria ser destruído pelo enorme incêndio que começou a varrer a cidade e que alguns afirmaram ter sido visto em Santarém durante seis dias, ajudado por ventos fortes que entretanto se levantaram.
A toda esta desgraça por fim juntou-se a água, o Tejo recuou deixando à mostra o seu leito, depois uma enorme massa de água ergue-se como uma montanha, precipitando-se em direcção à terra e devastando tudo à sua passagem.
O terramoto de 1755, não fustigou apenas Lisboa, toda a zona da Estremadura portuguesa foi fortemente atingida, assim como as regiões mais próximas do epicentro, com destaque para o Algarve e Alentejo litoral, e as Ilhas da Madeira e Açores.
As consequências deste sismo fizeram -se ainda sentir , a Sul da Espanha , no Norte de África, Cabo Verde, Canárias, em vários Países Europeus e até no Continente Americano ou seja um desastre global.
Calcula-se que o numero de mortos em Portugal tenha chegado aos 20mil , e a cidade de Lisboa de então perdeu-se nos escombros, já mais seria a mesma, 10% das casas da cidade ficaram em ruínas e mais dois terços inabitáveis, os 6 hospitais ( inclusive o famoso Hospital de todos-os-santos), perderam-se em ruínas, dos 65 conventos só 11 permaneceram, desapareceram 33 palácios.
Perderam-se assim os mais emblemáticos edifícios da cidade: o Palácio Real, a Alfândega, a Ópera do Tejo, inaugurada apenas sete meses antes da catástrofe, a Patriarcal, a Casa da Índia, o Arquivo Real, o Palácio dos Estaus, entre outros.
A Cidade de Lisboa assim destruída , poderia ter sido abandonada ou restituída à traça original, mas renasceu antes das cinzas como pioneira, do primeiro ensaio contra os sismos.

sábado, 26 de julho de 2008

Regina Quintanilha


Regina da Glória Pinto de Magalhães Quintanilha, nasceu a 9 de Maio de 1893, e foi a primeira Advogada Portuguesa e Ibérica dos tempos modernos.
Sendo filha de Francisco António Fernandes Quintanilha, descendente de uma antiga e abastada família, transmontana de Miranda do Douro, e de Joséfa Ernestina Pinto de Magalhães, descendente da casa de Sabrosa, de onde segundo a tradição descenderia o grande navegador Fernão de Magalhães.
A 6 de Setembro de 1910, apenas com 17, anos Regina Quintanilha, requer, a sua matrícula na Faculdade de Direito de Coimbra.
A 5 de Outubro de 1910, dá-se a Revolução Republicana, e o início das aulas que seria normalmente a 17 de Outubro é adiado já que os ânimos no país, encontravam-se exaltados, e na Universidade de Coimbra, a sala dos Capelos é destruída os retratos dos Reis D. Carlos e D. Manuel, são baleados.
Finalmente Regina Quintanilha atravessou, entre duas filas de palmas a porta férrea da faculdade no dia 24 de Outubro de 1910.
De referir que em termos de educação a escolaridade obrigatória em 1910 era dos 7 aos 11 anos, mas na generalidade apenas se defendia que às mulheres fosse administrado uma instrução elementar, pois delas apenas se desejava que fossem boas esposas e mães.
Em quase todos os labores Regina Quintanilha , foi uma excepção pois recebeu autorização para advogar, quando ainda era vedado o exercício da advocacia às mulheres, de acordo com o Código Civil Português em vigor que era de 1867.
Com efeito e com licença certificada pelo presidente do supremo tribunal de justiça no dia 14 de Novembro de 1913, Regina, vestiu a toga dos advogados no tribunal da Boa-hora em Lisboa.
Regina Quintanilha também vai exercer funções de Conservadora do Registo Predial e Notaria, sendo nestes cargos mais uma vez uma pioneira.
No entanto as mentalidades ainda não se encontravam preparadas para aceitar esta progressiva afirmação da condição feminina e várias foram as personalidades influentes da sociedade portuguesa que não hesitaram em denegrir, todas as mulheres que exerciam profissões liberais.
Regina Quintanilha parte, então para o Brasil, onde vai colaborar na reforma de lei brasileira, para além de estabelecer escritórios tanto no Rio de Janeiro como em Nova Iorque,anos mais tarde de volta a Portugal, é Advogada de várias empresas francesas.
A 19 de Março de 1967, Regina Quintanilha morre, na sua residência da Rua Castilho nº35, em Lisboa.
Esta mulher que se tornou a primeira Advogada Portuguesa e Ibérica, abriu o caminho, deu a lição, concorreu com os homens na luta social, autonomizou-se e mostrou que era possível.
A seguir a ela, outras vieram para continuar a desbravar caminho, e estas lutas deram os seus frutos.
Actualmente as mulheres encontram-se em maioria em quase todas as áreas de formação, no entanto ainda continuam em minoria na carreira docente e são excepção no topo da carreira académica, tendo menores salários para o mesmo tipo de função.
De facto a condição feminina vai sofrendo, avanços e retrocessos ao longo da História, nunca sendo supérfluo sublinhar que tal ainda sucede, e não apenas em sociedades díspares da europeia.
Mas apesar destes indicadores revelarem que o caminho não se encontra todo percorrido, a direcção parece a certa, sendo que a " Mulher Culta", deixou de ser considerada uma excepção à regra.

domingo, 25 de maio de 2008

Casa dos Bicos

Casa dos Bicos 1950 - Arquivo Municipal de Lisboa




A Casa dos Bicos, situada no Campo das Cebolas, em Lisboa, foi mandada construir, em 1523, por Brás de Albuquerque, filho do conquistador de Ormuz, Afonso de Albuquerque.



A sua traça original, tem como influencia o palácio dos Diamantes de Ferrara, em Itália, monumento pelo qual, Brás de Albuquerque demonstrou grande admiração, e pretendeu recrear, na sua própria habitação.



A casa para além de habitação particular, ao longo dos tempos foi tendo várias funções, sendo talvez a de destacar pela sua inegável importância, a de sede da associação do Comércio Marítimo da Índia.



Na década de 60 do Século XX, a casa dos bicos é adquirida pela câmara Municipal de Lisboa, que procedeu a trabalhos de reconstrução e reergue os dois andares que tinham sido destruídos pelo terremoto de 1755, recorrendo para tal a um painel de Azulejos da Ribeira Velha, patente no Museu da Cidade, que retrata a casa no seu projecto inicial.





Casa dos Bicos actualmente depois das obras de restauro
No seu interior encontra-se parte do espólio arqueológico descoberto durante as obras de restauro, incluindo quatro tanques de salga Romanos, parte da Cerca Moura, parte de uma Torre Medieval e um troço de pavimento mudéjar.
Só que infelizmente hoje a casa é ocupada pelo Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa , e como tal o monumento encontra-se interdito ao público em geral, o que não deixa de ser uma lamentável contradição, e que em nada enaltece o pelouro cultural...

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Aqueduto das Águas Livres






O Aqueduto das Águas Livres, é um complexo sistema de captação e distribuição de água á cidade de Lisboa.



O Aqueduto, foi construído durante o reinado de D. João V, e foi sendo progressivamente reforçado e ampliado ao longo do Século XIX, de salientar que prodigiosa obra resistiu incólume ao terremoto de 1755.



Antes da construção do Aqueduto, a única área de Lisboa com nascentes de água era o Bairro de Alfama, e com o crescimento da cidade para fora das cercas medievais foi surgindo um défice no abastecimento de água á cidade.



Tal situação levou á necessidade de se aproveitar as águas do vale da Ribeira de Carenque, já que estas águas até tinham sido, em tempos aproveitadas pelos Romanos, que aí construíram uma barragem e um aqueduto.



Apesar do Reinado de D. João V ter sido prospero, o projecto do Aqueduto, foi custeado pelo povo, através de uma taxa sobre a carne, o vinho, o azeite e outros produtos alimentares.



A parte do Aqueduto mais conhecida são os seus 35 arcos sobre o vale de Alcântara, o mais alto dos quais o " arco grande", mede 65 metros de altura e dista 29 metros entre pegões, sendo o maior arco ogival do mundo.



O Aqueduto têm o seu inicio na Mãe de Água Velha, recolhendo a água da nascente da Água Livre, em Belas e termina na Mãe de Água das Amoreiras, após um percurso de 14.174 metros.



Antes de chegar ao centro de Lisboa, o aqueduto alimentava vários chafarizes na Amadora, Benfica e São Domingos de Benfica.



Na extremidade do aqueduto, a Mãe de Água das Amoreiras recebia e distribuía a água por galerias e encanamentos que encaminhavam a água para uma rede de chafarizes públicos.

O caminho público por cima do aqueduto, esteve fechado desde 1853, altura pela qual se registaram no local alguns crimes, levados acabo ao que tudo indica por Diogo Alves, que assaltava as pessoas que por ali passavam e as atirava do aqueduto abaixo.

Diogo Alves foi apanhado, tendo ficado para a história como o ultimo decapitado em Portugal, a sua cabeça decepada foi estudada, prevalecendo ainda hoje dentro de um recipiente de vidro numa solução aquosa, no museu de medicina.

O aqueduto manteve-se em funcionamento até 1968, acabando por ser desactivado definitivamente pela EPAL , em 1974.

Nota: Depois de várias reparações e intervenções, o Aqueduto das Águas Livres, reabre aos visitantes amanhã dia 13 de Maio, encontrando-se marcado um passeio num percurso que começa na Rua das Amoreiras, às 10 horas e termina no reservatório da Mãe de Água.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Torre de Belém







A Torre de Belém , foi construída em homenagem ao santo patrono da cidade de Lisboa S. Vicente, localizando-se, sobre um afloramento rochoso nas águas do rio Tejo, local onde anteriormente, se encontrava ancorada a Grande Nau, que cruzava fogo com a fortaleza de S. Sebastião, defendendo a entrada de Lisboa de piratas e invasores.


A construção da Torre de Belém tem inicio no ano de 1514 e a obra é concluída em 1520, sendo o arquitecto da obra, Francisco de Arruda.



A Torre foi projectada, como símbolo de prestígio real, a decoração exibe a iconologia própria do Manuelino, conjugado com elementos naturalistas, como também é visivel no mosteiro dos Jerónimos.

O Manuelino reflecte, influências islâmicas e Orientais, que marcam definitivamente o fim da tradição Medieval das Torres de Menagem.

A Torre de Belém é adornada, com cordas e nós esculpidos em pedra, galerias abertas, torre de vigia, ameias em forma de escudo, decoradas com esferas armilares e a cruz da ordem de Cristo, e elementos naturalistas, como um rinoceronte ( o tal já referido em texto anterior), que vão aludir aos descobrimentos portugueses.

A Torre localizada na margem direita do Rio Tejo, era inicialmente cercada pelas águas em todo o seu perímetro, no entanto foi progressivamente envolvida pela praia, até se incorporar hoje à terra.

Com o passar dos tempos, a estrutura foi perdendo a sua original função defensiva, passando a exercer outras funções, como tal foi, registro aduaneiro, posto de sinalização, telégrafo, farol e até prisão, já que os seus paióis, foram utilizados como masmorras, para presos políticos durante o reinado de D. Filipe I (1580-1598), e mais tarde por D. João IV ( 1640-1656).

O Arcebispo de Braga e primaz das Espanhas, D. Sebastião de Matos de Noronha ( 1636-1641), por coligação à Espanha e fazendo frente a D. João IV, foi preso e mantido recluso na Torre de Belém, entre outras personalidades.

Nos nossos dias é possível fazer visitas a este este monumento e no seu terraço desfrutar de uma maravilhosa vista, sobre o Tejo e dele imaginar a partida das naus e caravelas para os novos mundos.

A Torre de Belém é classificada como Monumento Nacional por decreto de 10 de Janeiro de 1907, e considerada pela UNESCO, como Património Cultural de toda a Humanidade.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

O Processo dos Távora






D. José, Rei de Portugal, apesar de casado com Dona Mariana Vitória de Borbón, princesa espanhola, tinha uma amante, Teresa Leonor, mulher de Luís Bernardo, herdeiro da família de Távora.


Na noite de 3 de Setembro de 1758, D. José I, seguia numa carruagem, para a Ajuda depois de uma noite com a amante, quando sofre uma tentativa de assassinato.


O primeiro-ministro de então, Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro Marquês de Pombal, toma de imediato o controlo da situação, em pouco tempo dois homens são presos e torturados, confessando suas culpas no atentado, sendo que tais ordens, provinham da família dos Távora, que pretendiam pôr o Duque de Aveiro, José Mascarenhas no trono.


Nas semanas que se seguem todos os Távora e respectivos descendentes são encarcerados e acusados de alta traição e de tentativa de regicídio, sendo a sentença a execução de todos incluindo mulheres e crianças.


A execução é levada acabo a 13 de Janeiro de 1759, e mesmo para a época revestiu-se de um cariz extremamente violento e macabro, as canas das mãos e dos pés dos condenados foram partidas e as cabeças decapitadas, os corpos queimados e deitados ao Rio Tejo.


Todos os bens dos Távora foram confiscados pela coroa e o seu nome apagado.


O Palácio do Duque de Aveiro em Belém foi demolido e o terreno salgado para que mais nada ali crescesse.


No local, hoje designado como Beco do Chão Salgado, existe um marco alusivo ao acontecimento.


Na sua base pode-se lêr a seguinte epígrafe:

" Aqui forão as casas arazadas e salgadas de José Mascarenhas Ex Authorado das honras de Duque de Aveiro e condenado por sentença proferida na suprema junta da inconfidencia em 12 de Janeiro de 1758, justiçado como um dos chefes do bárbaro desacato que na noite de 3 de Setembro de 1758 se havia commulado contra a real e sagrada pessoa de El Rey nosso senhor D. José, neste terreno infame se não poderá edificar em tempo algum"

Hoje tal marco encontra-se num beco, precisamente rodeado por inúmeras construções que se foram edificando á sua volta, em terreno outrora maldito, o que prova que a vontade de um homem, dificilmente se pode sobre pôr aos dinâmicos ritmos da História.

domingo, 30 de março de 2008

Mosteiro de Santa Maria de Belém

Mosteiro dos Jerónimos





No ano de 1496, o Rei D. Manuel, pediu à Santa Sé, autorização para a construção de um grande mosteiro à entrada de Lisboa, pedido esse concedido, tendo as obras o seu inicio em 1501 e só terminando quase um século depois, sendo que na sua construção ao longo dos tempos estiveram envolvidos vários arquitectos assim como construtores.


O mosteiro foi dedicado à Virgem de Belém, já que este edifício veio substituir a igreja que invocava Santa Maria de Belém, onde os Monges da Ordem de Cristo, davam assistência aos muitos marinheiros que por ali passavam.

Para ocuparem este mosteiro o Rei D. Manuel, escolheu os Monges da Ordem de S. Jerónimo, tendo estes como principais funções, rezar pela alma do Rei e dar apoio espiritual aos que partiam da Praia do Restelo, à descoberta de novos mundos, sendo aliás a construção deste mosteiro financiada em grande parte pelos lucros do comércio das especiarias.

Por ter sido construído nos bancos de areia do Rio Tejo, a estrutura do mosteiro, não sofreu muitos danos com o terremoto de 1755, mas foi danificada pelas tropas invasoras francesas enviadas por Napoleão Bonaparte no inicio do Século XIX.

Claustro Mosteiro dos Jerónimos Séc. XIX

O que obrigou posteriormente a algumas intervenções arquitectónicas, que embora não tenham alterado a estrutura primitiva, vieram dar-lhe a forma que lhe conhecemos hoje.


Mosteiro dos Jerónimos Finais do Séc XIX



Mosteiro dos Jerónimos Actualmente

O Mosteiro dos Jerónimos é hoje apontado como a "jóia" da Arquitectura Manuelina, integrando elementos arquitectónicos do gótico final e do renascimento, associando-lhe uma simbologia régia e naturalista.

No seu interior para além dos túmulos de El Rey D. Manuel, e seus descendentes, pode-se hoje encontrar no mosteiro os túmulos, do Rei D. João e sua esposa D. Catarina, o de D. Henrique e ainda as caixas tumulares de D. Sebastião, Vasco da Gama e Luiz Vaz de Camões, mais contemporâniamente também no local foram sepultados, Alexandre Herculano e Fernando Pessoa.

O Mosteiro Dos Jerónimos, foi declarado em 1907, como Monumento Nacional e em 1984, classificado " Património Cultural de toda a Humanidade", pela UNESCO.



quinta-feira, 27 de março de 2008

Palácio dos Estaus

O Palácio dos Estaus, situava-se onde hoje se ergue, desde o século XIX, o Teatro D. Maria II.
Mandado construir em 1449, pelo regente D. Pedro, ao longo dos tempos este edifício foi tendo inúmeras funções, primeiramente e tal como o seu nome indica, Estaus ( pensão de forasteiros), foi este grandioso palácio, destinado a receber Embaixadas das Nações e Reis estrangeiros, como Alexandre de Medices ou os embaixadores que prepararam o casamento da futura Imperatriz Isabel com Carlos V.
Foi também no seu interior que se representaram pela primeira vez algumas peças de Gil Vicente.
No Século XVI, as cavalariças do Estaus, albergavam, elefantes, girafas e outras espécies do novo mundo.
O Palácio dos Estaus também foi Sede da Inquisição em Lisboa, Sede de Regência e do Governo Provisório, assim como Câmara dos Pares e até mesmo Intendência Geral da Polícia.
Na sua prisão, muitos ilustres estiveram encarcerados, como Damião de Goís ou Manuel Maria Barbosa du Bocage.
O Palácio, apesar de sofrer alguns danos, sobrevive ao terremoto de 1755, mas infelizmente acaba por sucumbir a um forte incêndio no ano de 1836.

segunda-feira, 17 de março de 2008

HOSPITAL DE TODOS OS SANTOS



Dos dois terços de terreno, que do Rossio ficavam livres do dormitório dos Religiosos de São Domingos, era ocupado pelo Hospital de todos os Santos, a que vulgarmente se chamava de Hospital del Rey, por ter sido mandado edificar por D. João II e finalizado por Dom Manuel.


Este Hospital era considerado na época um dos melhores do mundo, sendo um edifício muito amplo com várias alas, refeitório, enfermaria de homens e mulheres, dependência para loucos e secção de enjeitados.


Pegado ao corpo do hospital estendiam-se dependências para médicos, farmacêuticos e outros funcionários.


Na obra " O Livro das Grandezas de Lisboa", de Frei Nicolau de Oliveira, ficamos a saber que o Hospital foi construído em forma de cruz de quatro braços iguais, sendo que no braço cimeiro se encontrava uma grande igreja, cuja porta principal dava para o Rossio, e para a qual se assedia através de uma enorme escadaria de vinte e um degraus, que em dias de feira se enchiam de vendedores e mendigos.
O Portal da Igreja era magnifico, nos dias de hoje apenas comparável ao portal da entrada do Mosteiro dos Jerónimos.
No braço da cruz que atravessava para o lado direito localizava-se a enfermaria de São Cosme, no braço oposto a enfermaria das mulheres com o nome de Santa Clara, na outra parte a enfermaria de febres designada como a de São Vicente.


Nestas três enfermarias estavam as camas postas em repartimentos dentro de um arco, de modo que fiquem livres os corredores para facilitar a limpeza ( tal como nos nossos dias....).


Para além destas enfermarias principais existiam outras segundarias e também elas todas designadas com nomes de santos.


Nas traseiras o hospital possuía uma grande horta com muita água, na qual se retirava grande parte dos alimentos a serem consumidos na instituição hospitalar.
Sendo a Mesericordia a administradora deste Hospital, ficava portanto à sua responsabilidade, fornecer os oficiais que nele aviam de servir e para que nada falte para a cura e limpeza dos enfermos.
Infelizmente com o terremoto de 1755 o maremoto que se lhe segue e o incêndio que fustigou Lisboa durante seis dias, o Hospital assim como todo o Rossio antigo desapareceu...